Não sei por onde começar, mas sei que não quero falar do meu dia 24 de fevereiro de 2008, da maneira que apanhei do meu ex-namorado, do meu namorado ou da dor que minha família passou.
Direciono o meu texto para as meninas que namoram, principalmente as gurias que estão começando um relacionamento. Não tenho base em estudos, mas na minha experiência. Ok?
As reações do seu namorado dizem muito sobre ele. No início o cara é um doce, atencioso, mas depois ele é possessivo, ciumento e cheio de razão. Ele sai para beber com os amigos, mas não admite que você vá até a esquina sozinha. Acompanhada? só se for com ele.
Numa discussão ele quebra coisas, arranca seu colar do pescoço, deixa você chorando sozinha. Não tem consideração com seus amigos. Tem uma necessidade imensa de beber, usar drogas e fumar. Só o excesso faz bem para ele. E ele é moralista. Sempre. Ele manda em você. Você obedece. Mas ele é um doce, lembra? (às vezes ele era mesmo, outras não...e o não é muito mais forte).
Não preciso dizer que tudo isso aconteceu comigo, antes do dia 24. Eu tinha vergonha de admitir que estava namorando uma pessoa assim. Eu fingia para todo mundo que tudo estava bem, mas só eu sabia o quanto aquele "estar bem" pesava em mim. Não queria falar os meus pais que - mais uma vez - eu estava com a pessoa errada. E, com certeza, eles gostariam muito de ouvir isso e não ouvir meu choro de dor ou ver as marcas no meu corpo.
Depois de tudo eu saí dos meus empregos, eu não tinha condições psicológicas para trabalhar. Lembro que dei uma aula, e tive que ir com roupas compridas (no calor de março) para esconder os machucados. Também voltei a morar com os meus pais e naquela época só conseguia dormir com ajuda de rivotril e ao lado da minha mãe. Sem contar nas idas para a delegacia e a tristeza dos meus pais. Fico triste quando lembro que tudo isso também resultou em dor para eles também.
No início eu tinha uma necessidade imensa em falar sobre isso. E isso me protegia também. As pessoas me ligavam, meus amigos tentavam animar minha vida. Tive muito apoio. E isso foi fundamental.
Uma parte chata de toda essa história é que minha auto-estima morreu. Eu conseguia encontrar defeitos em mim, transferi muita coisa para um relacionamento que tive logo depois ... transferi muita dor. Mas muitas pessoas não estão preparadas para lidar com o drama do outro. E lógico, o relacionamento não deu certo.
No início desse ano comecei a terapia. Há 10 meses vou na Psicóloga Joselaine Garcia - a melhor - e posso afirmar que foi a melhor ideia da minha mãe (ela que marcou a primeira consulta) e o melhor investimento de 2011. Descobri tantas coisas, tenho aprendido tanto com a terapia, e mandei embora boa parte desse trauma. Aprendi a lidar com meus relacionamentos (namoro, amigos, família, etc) e aprendi a lidar comigo mesma.
O mais importante de tudo é não deixar que um namoro influencie em toda sua vida. Saber dizer "não", e não deixar nenhum homem humilhar você. As mulheres precisam de amor (próprio) e bom humor.
Agora, se você deixou passar e o cara agrediu você, tenha muita força de vontade, grite por socorro e denuncie. Abrace sua família, amigos, filhos, desconhecidos (muitas pessoas ajudam nessas horas) e lute contra qualquer ato de violência. Não deixe que um homem (mesmo que seja o "amor da sua vida") desrespeite quem você é.
Ser mulher é merecer respeito em qualquer lugar, em qualquer situação.