21 de julho de 2009

Para uma folha caindo...




A primeira vez que a derrubaram, ela permaneceu sentada, olhou ao redor de si mesma, procurou móveis para se apoiar e em vão tentou segurar as mãos que ofereciam sustentação. Uma, duas e três tentativas. Na quarta, conseguiu endireitar o pé torto e, enfim, levantou-se.
Na segunda vez que a derrubaram, a rua estava fria e escura. Chovia. Seus pés deslizavam nas poças de água, carros passavam apressadamente sem perceber sua desesperada presença. Ficou noites ali, imóvel, até que um dia um velhinho escutou um choro silencioso e, com um largo sorriso, ofereceu-lhe a mão.
A terceira vez que a derrubaram, sentiu que a dor consumia cada parte de si. Não conseguiu pensar em nada. Acha até que ficou inconsciente e quando acordou já estava em pé.
A quarta vez que a derrubaram, o sorriso ingênuo apagou-se. Toda sua alma sentia uma revolta imensa, revolta de quem não admitia o que estava acontecendo, de quem cansou de aceitar. Levantou com suas próprias forças. O semblante não era mais de uma criatura eternamente agradecida pela ajuda dos outros.
Não. Ela não queria perder. Não queria depender. Não queria aceitar. Não queria resignação.
Nem pena. Misericórdia ou perdão.
E nunca mais tentaram derrubá-la. Porque agora ela também sabia ferir.

Um comentário:

Aline Ramos disse...

que texto forte amigaaaaaaaa
ninguem mais vai tentar te derrubar...mas caso isso aconteça...eu te ajudo a levantar ok???
te amooooo
bjooo